sábado, 23 de abril de 2011

TROVADORISMO


TROVADORISMO(século XII ao XIV)

Início: 1189 (ou 1198?) Provável data da Cantiga da Ribeirinha, escrita por Paio Soares de Taveirós, e dedicada a D. Maria Pais Ribeiro, uma dama da corte. 
Contexto Histórico
      Cruzadas rumo ao Oriente
      Luta contra os mouros
      Teocentrismo: poder espiritual  e cultural da Igreja
      Cristianismo
      Feudalismo
      Monopólio clerical
 
A Lírica Trovadoresca
Foi da Provença, região situada no sul da França, que veio a nova moda poética, que consistia na composição de poemas feitos para serem cantados.
         Todos os textos poéticos dessa primeira época medieval eram, aliás, acompanhados de música e de coro. O trovador (poeta) compunha a letra e a música e o jogral, (menestrel), acompanhado de alaúde, flauta, harpa ou lira, se encarregava de exibi-las. Geralmente, eram cantigas líricas, em que o sentimento amoroso predominava. Os trovadores costumavam pertencer à pequena nobreza, embora alguns reis tivessem sido poetas.
Tipos de cantigas
 As cantigas podem ser classificadas em:
Gênero lírico: cantigas de amigo, cantigas de amor;
Gênero satírico: cantigas de escárnio e de maldizer;
Características das cantigas de amor
      Voz lírica masculina
      Tratamento dando à mulher: mia senhor.
      Expressão da vida da corte.
      Convenções do amor cortês:
            a) Idealização da mulher;
            b) Vassalagem amorosa;
            c) Expressão da coita.
      Origem provençal
Essas cantigas tratam geralmente de um relacionamento amoroso, em que o trovador canta seu amor a uma dama, normalmente de posição social superior, inatingível. Refletindo a relação social de servidão, o trovador roga a dama que aceite sua dedicação e submissão.
Características das cantigas de amigo
      Voz lírica feminina
      Tratamento dado ao namorado: amigo
      Expressão da vida campesina e urbana
      Amor realizado ou possível – sofrimento
Amoroso
      Simplicidade - pequenos quadros sentimentais
      Paralelismo e refrão
      Origem popular e autóctone (isto é, na própria Península Ibérica)
            Neste tipo de texto, quem fala é a mulher e não o homem. O trovador compõe a cantiga, mas o ponto de vista é feminino, mostrando o outro lado do relacionamento amoroso – o sofrimento da mulher â espera do namorado (chamado “amigo”), a dor do amor não correspondido, as saudades, os ciúmes, as confissões da mulher a suas amigas, etc. Os elementos da natureza estão sempre presentes, além de pessoas do ambiente familiar, evidenciando o caráter popular da cantiga de amigo.
            As cantigas de amigo de acordo com o assunto podem ser:
pastorelas assuntos campestres, diálogo com a natureza ou se referem a uma pastora, ou um pastor.
romarias – assuntos relacionados às festas religiosas prendem-se a romarias ou peregrinações.
barcarolas ou marinhas – assuntos relacionados ao mar, rios e lagos.
bailias ou bailadas – assuntos ligados à dança.
alvas, albas ou serenas – quando se passam ao amanhecer.
Causas da decadência do Trovadorismo
            Três causas são apontadas para a decadência do Trovadorismo:
Decadência do mecenatismo
• Aburguesamento de Portugal
• Conflitos entre Portugal e Espanha 
            Textos para análise
Cantiga da Ribeirinha
No mundo nom me sei parelha
mentre me for como me vai,
ca ja moiro por vós e ai!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia.
Mao dia me levantei
que vos entom nom vi fea!
E, mia senhor, des aquelha
me foi a mi mui mal di’ai!
E vós, filha de Dom Paai
Moniz, e bem vos semelha
d’aver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d’alfaia
nunca de vós ouve nem ei
valia d’ua correa.
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Quantos o amor faz padecer
penas que tenho padecido,
querem morrer não duvido
que alegremente queiram morrer.
Porém enquanto vos puder ver,
vivendo assim quero estar
e esperar, e esperar.
Sei que a sofrer estou condenado
e por vos cegam os olhos meus.
Não me acudis; nem vos, nem Deus.
Mas, se sabendo-me abandonado,
ver-vos, senhora, me for dado,
        vivendo assim eu quero estar
         e esperar, e esperar
Esses que vêem tristemente
desamparada sua paixão,
querendo morrer, loucos estão.
Minha fortuna não é diferente;
porem eu digo constantemente:
vivendo assim eu quero estar
e esperar e esperar.
***
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D. Dinis
- Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novass do meu amigo!
            Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
            Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que lmentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado!
Ai Deus, e u é?
- Vós me preguntades polo voss’amado,
e eu bem vos digo que é san’e vivo.
Ai Deus, e u é?
Vós me preguntades polo voss’amado,
e eu bem vos digo que é viv’e sano.
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é san’e vivo
e seera vosc’ant’o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é viv’e sano
e seera vosc’ant’o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
Explicações
pino: pinheiro
novas: notícias
e u é?: e onde ele está?
do que pôs comigo: sobre aquilo que combinou comigo (isto é, o encontro sob os pinheiros)
preguntades: perguntais
polo: pelo
que é san’e vivo: que está são (com saúde e vivo)
e seera vosc’ant’o prazo saído (passado): e estará convosco antes de terminar o prazo combinado.
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Levad’, amigo, que dormides as manhãas frias;
Todas aves do mundo d’amor dizian:
Leda m’and’eu!
Levad’, amigo, que dormide’-las frias manhãas;
Todas aves do mundo d’amor cantavam:
Leda m’and’eu”
            ***
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Bailemos nós já todas três, ai amigas,
So aquestas avelaneiras frolidas,
E quen for velida, como nós, velidas
Se amig’amar,
So aquestas avelaneiras frolidas
Verrá bailar.
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Ondas do mar de vigo,
se vistes meu amigo!
e ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se viste meu amado!
e ai deus, se verrá cedo!
            ***
_______________________
Non poss’eu, madre, ir a Santa Cecília
ca me guardades a noit’e o dia
do meu amigo.
Non poss’eu, madr’, aver gasalhado,
ca me non leixades fazer mandado
do meu amigo.
            ***
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A dona que eu am’e e tenho por senhor;
Amostrade-me-a Deus, se vos em prazer for
Se non dade-me-a morte.
A que tenh’eu por lume destes olhos meus
E por que choram sempre, Amostrade-me-a Deus,
Se non dade-me-a morte.
Essa que vós fizestes melhor parecer
De quantas sei, ai Deus, fazede-me-a ver,
Senon dade-me-a morte.
Ai Deus, que me-a fizeste mais ca mim amar,
Mostrade-me-a u possa con ela falar,
Se non dade-me-a morte.
                                   (Bernado de Bonaval)
***

Dona

Roupa Nova Composição: Sá & Guarabyra

Dona desses traiçoeiros
Sonhos, sempre verdadeiros
Oh Dona desses animais

Dona de seus ideais
Pelas ruas onde andas
Onde mandas todos nós
Somos sempre mensageiros
Esperando tua voz
Teus desejos, uma ordem
Nada é nunca, nunca é não
Por que tens essa certeza
Dentro do teu coração
Tan, tan, tan, batem na porta
Não precisa ver quem é
Pra sentir a impaciência
Do teu pulso de mulher
Um olhar me atira à cama
Um beijo me faz amar
Não levanto, não me escondo
Porque sei que és minha
Dona...
Dona desses traiçoeiros...
Sonhos sempre verdadeiros...
Oh Dona desses animais
Dona de seus ideais
Não há pedras em teu caminho
Não há ondas no teu mar
Não há vento ou tempestade
Que te impeçam de voar
Entre a cobra e o passarinho
Entre a pomba e o gavião
Ou teu ódio ou teu carinho
Nos carregam pela mão
É a moça da cantiga
A mulher da criação
Umas vezes nossa amiga
Outras nossa perdição
O poder que nos levanta
A força que nos faz cair
Qual de nós ainda não sabe
Que isso tudo te faz
Dona, Dona...

Atrás da porta
(Chico Buarque & Francis Hime)
Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei
Eu te estranhei
Me debrucei sobre o teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teus pêlos
Teus pijama
Nos teus pés
Ao pé da cama
Sem carinho, sem coberta
No tapete atrás da porta
Reclinei baixinho
Dei pra maldizer o nosso lar
Pra sujar teu nome, te humilhar
E me entregar a qualquer preço
Te adorando pelo avesso
Pra mostrar que ainda sou tua
Só pra provar que ainda sou tua...
Tatuagem
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque - Ruy Guerra
Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é prá te dar coragem
Prá seguir viagem
Quando a noite vem...
E também prá me perpetuar
Em tua escrava
Que você pega, esfrega
Nega, mas não lava...
Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...
E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço...
Quero pesar feito cruz
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem...
Quero ser a cicatriz
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...
Corações de mãe, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam
O corpo todo
Mas não sentes...
***
Senhora, tanto eu queria,
se a Deus e a vós aprouvesse,
que onde estais sempre estivesse,
senhora, então me daria
por tão radiante
que daí em diante
nem por rei ou infante
eu me trocaria.
Sabendo que vos sorria
que onde morásseis,morasse,
sempre vos viesse e falasse,
senhora, então me daria
por tão radiante
que daí em diante
nem por rei ou infante
eu me trocaria.
***

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